sexta-feira, 31 de maio de 2013

A Bela Curitiba - Crônica

a-bela-curitiba

Hoje acordei sonolenta, como tem sido nos últimos dias, e deparei-me com uma Curitiba diferente.
Saio de casa com um dia muito agradável, mesmo antes das oito horas da manhã. Mas, é andando logo cedo pelo tradicional calçadão da Rua XV que algo realmente me chama a atenção.

A cidade amanhece ensolarada. O céu está completamente pintado de um anil, sem uma nuvem sequer ao alcance de meus olhos durante o trajeto. Isso tudo acompanhado de uma suave brisa aconchegante. Impressionante, não? Mas isso não é tudo! As pessoas estão diferentes... Quando passo, o que vejo não são homens e mulheres fechados e introspectivos, absortos em seu próprio eu, calados e carrancudos. São pessoas com leves sorrisos nos lábios, que conversam e andam. Elas estão indo para o trabalho, assim como eu, mas a pressa de outros dias não aparece hoje, elas simplesmente andam (e não “correm”) rumo aos seus trabalhos. Parecem tão mais soltas, tão menos frias. Confesso que isso é um fato, no mínimo, curioso. Parecem estar caminhando sobre um bosque florido, com seus vestidos esvoaçantes, apaixonados pela vida. E os olhares... eles não estão tão mais focados na direção a seguir e no destino final, do que nas outras pessoas. Hoje eu posso sentir os olhares, sinto que sou vista e que posso, realmente, as ver.

– Bom dia! – escuto de um sujeito por quem eu passo.

Será que eu ouvi direito? Foi um cumprimento tímido, mas audível. E de verdade. 
Que vontade de ficar nessa Rua XV alegre e diferente. De sentar num dos vários banquinhos próximos à Praça Osório e lá ficar, contemplando o maravilhoso dia que se iniciou naquele calçadão, que logo será tomado de mais e mais gente, e me contagiar com a energia positiva que parece emanar de cada Curitibano (não tão) apressado. Logo chego ao meu trabalho para mais um dia de rotina. Não sem antes pensar se tudo isso foi realmente assim, ou se apenas foi o modo como eu mesma deslumbrei esse dia agradável. Tanto faz. Da janela posso então ver algo que não tinha visto até então. Algumas inconsistentes nuvens aparecem ao longe. Bom, todos nós, como bons curitibanos, sabemos que logo a cidade terá uma abrupta mudança de temperatura e de aparência, e depois mais uma, e mais uma. Mas essa é a Curitiba que já conhecemos e de que tanto gostamos.

Jardins - Poesia

poesia-te-amo

Por que te indignas
Se meu peito anseia por você?
E por que te calas
Quando calado demonstro um olhar?

Sei que nos teus sonhos busca um amor
E sei que nada enxergas senão a dor
Mas escuta, menina dos meus olhos
Deixe-se sentir, o quanto te gosto

Porque a solidão me assola
e sempre rodeado estou
E por que estás tão longe
Se tu és tudo o que me restou
Sei que és como a margarida
Que enfeita a minha vida
E sei que és como os beijos
Colorindo meu viver
És como o sol ao nascer
Resplandece em minha estrada
Mas ficas a sofrer
Sem se deixar ver
Que estou a te amar

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O sonho que não termina - Poesia

poesia-sobre-sonhos

E como a relva passa em meus sonhos
Assim os pássaros passam também
E como tudo pode se tornar tão claro
Sinto meus desejos irem além

As luzes que surgem
Despretensiosamente
Movimentos de vai e vem
Contínuos, ansiosamente

Quero acordar e sumir do mundo
Quero enxergar a verdade escondida
Mas meus olhos não me obedecem
Quanto mais luto, mais escurecem

Busco em sonho encontrar a paz
E nem a razão obedece mais
Cada movimento, cada passo é incerto
Mas me deixo guiar, com o coração aberto
Não, não desperto
É tudo um sonho interminável
Uma angústia e repulsa
De uma mente sofredora e avulsa

Cinza - Poesia

poesia-solidao

Sob o céu cinzento
Se esconde a amargura
Se esconde o temor
De o dia não voltar

E sob o céu cinzento
Eu caminho
Com meus pés doendo
E meu passo lento

Sinto o cheiro da chuva
A que está por vir
Com calma vou andando
Eu não quero partir

E cadê todo o barulho?
O movimento da cidade?
Não vejo nada além de mim
Mero personagem de folhetim

Agora sei o que é solidão
À noite, à tarde, tanto faz
Sozinho, continuo a caminhar
Sem destino onde chegar
Buscando minha sina

terça-feira, 28 de maio de 2013

Um poeta à deriva - Poesia

o-que-e-ser-poeta

Aqueles poetas que enaltecem a beleza do teu ser
Não são um terço do que eu queria ser
Exaltar a mulher amada
e ela lá, mortificada,
presa nas linhas e rimas do autor
Suas palavras representam o que é amor
Mas nada se compara ao sentimento
que se dá reciprocamente
Aquele não subserviente
Aquele com alento

O que eu quero é mais
Quero sorrir ao luar
Não apenas no pensamento
Mas num eterno enamorar

Eu queria poder ter
O dom de fazer acontecer
Queria a definição do amor
Queria que minhas palavras,
mais que poema,
chegassem a sua alma,
te tocassem com calma
E que viesses para mim.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Guarde o que foi bom - Poesia

poesia-de-saudade

E o que é perder?
Alguém sabe dizer?
E quanto ao sentimento
Alguém sabe explicar?

E as bizarrices do mundo nos atormentam
E tudo não passa de lamento
De maneiras diferentes todos sentem
Faz parte do acontecimento

Na memória as melhores lembranças
No coração a saudade apertada
No dia-a-dia os ensinamentos
E se continua a caminhada

E o que deve ficar?
E que se deve deixar partir?
Guarde tudo o que foi bom
Leve as emoções
Guarde boas recordações
Não esqueça o dom

Nem sempre se sabe o que por quê
Nem sempre se dá pra ver
Às vezes não é o que se espera
Às vezes é o que tem que ser.


“Show me, don’t tell me!”

Esta poesia foi feita em homenagem ao Prof. Me. Victor Folquening (em memória)

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Depois da Chuva - Poesia

recomeço


Chove em minha alma, é uma tormenta,
Um vendaval de sentimentos que me assola
Mas já posso ver o sol que afugenta
A felicidade escondida por detrás
A angústia vira orgulho
No coração, o barulho da certeza de melhora
De um novo começo, da vida que aflora.
Porque tanto sofrer?
Permita-se viver!
Depois da chuva, um dia lindo
Depois do desabafo, você sorrindo
E o que é a chuva?
Ela precisa cair!
Assim como a lágrima
Ela precisa sair!
Sem ninguém pra enxugar
A chuva é só, depois tem o sol para secar
A lágrima também deve ser
Você deve se amar
E encontrar seu sol pra sorrir

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sentidos - Poesia

poesia-desejo




Em nossas conversas diárias
De todos os dias
E nas auréolas de nossas cabeças
O desejo se retrai
E cada vez mais se atrai

E na curta distância
Que não nos separa
E em nossos olhares perversos
O desejo se retrai
E o pensamento que se trai

Em nossa convivência diária
Mas não de sempre
E em nossas faces ruborizadas
O desejo se retrai
E a mente não se distrai

Extrai. A vontade do querer
De querer acontecer
Sem prever, esperar
E deixar ou não deixar
Acumular
E o coração, acelerado
Num beijo abusado
Se deixar acorrentar

A maneira de agir paradoxal
E que faz sentido
E no estremecimento ao toque
O desejo se retrai
E o abdômen se contrai

E em uma narrativa
Que não é história
E num impulso pecaminoso
O desejo que recai
E por meu corpo vai

Extrai. A vontade do querer
De querer acontecer
Sem prever, esperar
E deixar ou não deixar
Acumular
E o coração, acelerado
Num beijo abusado
Se deixar acorrentar.