
Hoje acordei sonolenta, como tem sido nos últimos dias, e deparei-me com uma Curitiba diferente.
Saio de casa com um dia muito agradável, mesmo antes das oito horas da manhã. Mas, é andando logo cedo pelo tradicional calçadão da Rua XV que algo realmente me chama a atenção.
A cidade amanhece ensolarada. O céu está completamente pintado de um anil, sem uma nuvem sequer ao alcance de meus olhos durante o trajeto. Isso tudo acompanhado de uma suave brisa aconchegante. Impressionante, não? Mas isso não é tudo! As pessoas estão diferentes... Quando passo, o que vejo não são homens e mulheres fechados e introspectivos, absortos em seu próprio eu, calados e carrancudos. São pessoas com leves sorrisos nos lábios, que conversam e andam. Elas estão indo para o trabalho, assim como eu, mas a pressa de outros dias não aparece hoje, elas simplesmente andam (e não “correm”) rumo aos seus trabalhos. Parecem tão mais soltas, tão menos frias. Confesso que isso é um fato, no mínimo, curioso. Parecem estar caminhando sobre um bosque florido, com seus vestidos esvoaçantes, apaixonados pela vida. E os olhares... eles não estão tão mais focados na direção a seguir e no destino final, do que nas outras pessoas. Hoje eu posso sentir os olhares, sinto que sou vista e que posso, realmente, as ver.
– Bom dia! – escuto de um sujeito por quem eu passo.
Será que eu ouvi direito? Foi um cumprimento tímido, mas audível. E de verdade.
Que vontade de ficar nessa Rua XV alegre e diferente. De sentar num dos vários banquinhos próximos à Praça Osório e lá ficar, contemplando o maravilhoso dia que se iniciou naquele calçadão, que logo será tomado de mais e mais gente, e me contagiar com a energia positiva que parece emanar de cada Curitibano (não tão) apressado. Logo chego ao meu trabalho para mais um dia de rotina. Não sem antes pensar se tudo isso foi realmente assim, ou se apenas foi o modo como eu mesma deslumbrei esse dia agradável. Tanto faz. Da janela posso então ver algo que não tinha visto até então. Algumas inconsistentes nuvens aparecem ao longe. Bom, todos nós, como bons curitibanos, sabemos que logo a cidade terá uma abrupta mudança de temperatura e de aparência, e depois mais uma, e mais uma. Mas essa é a Curitiba que já conhecemos e de que tanto gostamos.